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jul 16, 2017 0 Comentário


Vitória perde um defensor da Educação: Professor Jeová Williams

Na manhã deste domingo que começou ensolarado e depois com esparsas chuvas marcou o fim da história de vida deste nobre trabalhador em Educação. Fotos: A Voz da Vitória

JEOVÁ: Na manhã deste domingo (16/7) que começou ensolarado e depois com esparsas chuvas marcou o fim da história de vida deste nobre trabalhador em Educação. Fotos: A Voz da Vitória

Por Lissandro Nascimento 

Foram dezesseis dias de apreensão e de luta pela vida, em uma batalha diariamente árdua para a família. O Professor Jeová Williams da Silva, de 55 anos, foi um bravo soldado em defesa da Educação e das causas democráticas, que descansou por volta das 09h. da manhã do último sábado (15/7), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Servidor do Estado (HSE), em Recife, onde foi internado desde o dia 30 de junho e encarou um tratamento intensivo a partir do último dia 04. Entretanto, a família optou não divulgar a causa da morte.

Originário de uma grande e virtuosa família que teve como patrono o seu pai, Maestro vitoriense Aderaldo Avelino, falecido em fevereiro de 2016 (Reveja AQUI), o Professor Jeová atuava há 32 anos na Rede Estadual de Ensino, quando lecionou em várias escolas da Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, a exemplo da Escola Polivalente J. J. Silva Filho, Dias Cardoso, Senador João Cleofas e atualmente na Escola Profa. Eudóxia Ferreira. Ele fundou junto com outros profissionais o núcleo regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco – SINTEPE, na Mata Centro, sendo atualmente um dos seus coordenadores regional. Casado há 23 anos com a Professora Clícia Roberta, ele deixou duas filhas.

Casado há 23 anos com a Professora Clícia Roberta, Jeová  deixou duas filhas. Foto: Cortesia / Arquivo Família

Casado há 23 anos com a Professora Clícia Roberta, Jeová deixou duas filhas. Foto: Cortesia / Arquivo Família

Militante político aguerrido, católico, rubro negro e carnavalesco, Jeová foi sepultado por volta das 11h. da manhã deste domingo (16) no Cemitério São Sebastião, em Vitória. Dezenas de professores e estudantes da rede pública de ensino, parentes, amigos e companheiros de sua vasta militância política compareceram ao seu velório vivenciado por belos momentos, a exemplo da Missa de Corpo Presente celebrada pelo Padre Rubens Almeida (Pombos), depois com entonações dos hinos do Sport Club e da Troça Carnavalesca ETsão & ETsuda pelo qual ele participava fantasiado em todos os desfiles, também música de Djavan, bem como a leitura de uma carta de despedida escrita por Clícia França, sua esposa, de conteúdo amoroso, singelo e de muita cumplicidade, leitura que a própria fez emocionando a todos os presentes no velório. Seu caixão foi encoberto pelas bandeiras rubro-negra, do PT, do MST, Sintepe, além de um jaleco que saiu fantasiado no carnaval deste ano. “Era uma pessoa de forte inconformismo político. Refletia e atuava em defesa da igualdade social. Grande cidadão com enorme coração”, resumiu Pe. Rubens em declaração ao Blog A Voz da Vitória. 

Homem de princípios inquebrantáveis, Jeová foi um exímio aluno do seu pai (Aderaldo)

Homem de princípios inquebrantáveis, Jeová foi um exímio aluno do seu pai (Aderaldo)

Um guerreiro pela democracia, a morte do Professor Jeová Williams deixa um vácuo nas articulações dos movimentos sociais, sobretudo na educação através do Sintepe, além do ativismo político em torno do Partido dos Trabalhadores, pelo qual foi um dos fundadores do PT de Vitória de Santo Antão no início da década de 1980.

Jeová começou sua militância política na adolescência quando atuou na Juventude Operária Católica (JOC), no movimento universitário quando se formou e especializou-se em Geografia e História pelas Faculdades Integradas da Vitória (Faintvisa), ingressou como professor da rede estadual e desde então se dedicou a vida sindical sendo um importante dirigente do Sintepe. Sua atuação partidária limitou-se a exercer diversas funções na direção do PT e lançou sua esposa na disputa política eleitoral. O PT foi a única legenda que ele se filiou em vida. Disciplinado, crítico observador do mundo político, honesto e homem de princípios inquebrantáveis, ele foi um exímio aluno do seu pai (Aderaldo) desde quando atuava ainda jovem como músico nas orquestras carnavalescas até na consolidação das amizades, da família, como educador e militante sindical.

“Jeová se destacou pela sua nobre virtude política na busca por melhores dias para todos. Era um ativista sindical participativo, obstinado, sincero e comprometido pela educação. Fará falta para todos que acreditam na construção coletiva das mudanças”, declarou Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

A carreira do professor Jeová Williams confunde-se com a própria história do Núcleo do Sintepe Mata Centro, do qual foi coordenador geral, ao lado de outros companheiros, como o Prof. Dodó Carvalho e Enedino Soares, quando fundou o sindicato em Vitória durante solenidade realizada na sede da AABB, no final da década de 1980. Jeová liderou e articulou com seu jeito discreto inúmeras manifestações sindicais, foi um artífice importante das grandes greves dos professores da rede estadual na região e ajudou inúmeras entidades de classe a se constituir nas cidades onde o Núcleo do Sintepe atua.

Na manhã deste domingo que começou ensolarado e depois com esparsas chuvas marcou o fim da história de vida deste nobre trabalhador em Educação. Seu sepultamento foi retardado para o fim da manhã em virtude da espera de parentes que chegavam às pressas do Rio de Janeiro, além de amigos e ativistas políticos de outros municípios, os quais surpreendidos pela triste notícia, fizeram questão de se despedir pessoalmente e acompanhar o ato fúnebre.

Sepultamento Jeová Williams

“Jeová sempre foi um pessoa muito inquieta, questionava e cobrava muito, mas sempre no sentido do benefício coletivo. Era uma pessoa que detestava e combatia as injustiças, contudo, Jeová sabia que para lutar e defender os interesses do povo, era preciso unir o povo… tinha que unir os trabalhadores, tinha que fortalecer os instrumentos de luta, como é o SINTEPE, uma das grandes paixões de sua vida além da sua família. Portanto, Jeová era um poço de energia, contagiava a gente com os seus questionamentos, sempre buscando saídas para combater aquilo que de certa forma prejudicava o povo e ou a classe trabalhadora. Então ele deixa pra gente um legado, uma vida dedicada às lutas e as causas coletivas. Foi uma pessoa que sempre olhou para o todo, muito pouco ele olhou pra ele, pois sempre defendeu o coletivo”, sentenciou Fernando Melo, presidente do SINTEPE.

Enterro prof. Jeová Williams