Ceclin
jan 10, 2009 11 Comentários


Promessa de ex-prefeito gera confusão em Glória do Goitá

Cerca de 300 pessoas interditaram, ontem, a PE-50, em Glória do Goitá, na Zona da Mata, em protesto contra a decisão do prefeito Djalma Paes (PSB) de revogar a permissão de uso de terreno da prefeitura, que seria destinado a cerca de 500 famílias. O gestor argumenta que a concessão do benefício foi uma ação irregular de seu antecessor, Zenildo Miranda (PTB), que teria utilizado a área como “moeda de troca” na campanha à reeleição.

Segundo Paes, o terreno deveria servir a moradias populares, mas foi entregue também a empresários, comerciantes e vereadores aliados de Miranda.
De acordo com o prefeito, o projeto que autorizaria a permissão de uso sequer foi aprovado pela Câmara, o que já invalidaria os decretos distribuídos por Miranda à população. “O ex-prefeito usou a área como moeda de troca. Deveria ser para moradias de baixa renda, mas quem ganhou foi vereador, dono de posto de gasolina, de fábrica, gente a quem ele devia, pessoas de outros municípios. E ele não podia ter entregue nada porque era ano eleitoral, e o projeto que permite a doação ainda tramita na Câmara”, afirmou.
O prefeito destacou ainda que, apesar de as permissões só terem sido entregues no final de 2008 à população, os decretos datam de 2007. “Foi uma maneira de burlar a lei, já que 2008 foi ano de eleição”, acusou, contando que Miranda esperou o recesso da Justiça para dar os certificados e incentivar a invasão.
Segundo os próprios manifestantes, em 2007, a área (que pertencia à família de Djalma) foi desapropriada e, no fim de 2008, os decretos de permissão foram entregues. A maioria dos presentes no ato trazia o documento que recebeu da gestão passada. “A gente não vai sair. Já cavei o lote para fazer a base da casa. Aqui não tem nada tomado, a gente ganhou do ex-prefeito e o outro quer tomar por briga política”, dizia o agricultor Severino Souza.
Djalma, no entanto, garante que não haverá prejuízo às famílias que, de fato, tiverem perfil adequado para receber um lote para habitação popular. “Nós vamos reabrir inscrições para quem quer, mas quem já tiver a permissão de uso já está automaticamente recadastrado. Na próxima segunda, a Câmara deve votar o projeto que encaminhei, criando o Conselho Municipal de Habitação, formado pela sociedade civil, que vai examinar quem de fato merece”.
Enquanto isso, a prefeitura vai lotear a área, já que não há registro de qualquer desmembramento do terreno. “Não queremos cercear o direito dos mais humildes, mas garantir que a área irá para quem precisa. O ex-prefeito quis jogar a população contra a gente e conseguiu”, encerrou Djalma.
Após queimarem pneus na estrada, os manifestantes enviaram uma comissão à prefeitura. “Ele não quer tomar nada, só regularizar”, disse o pastor Horácio José, ao voltar da conversa com Djalma. Os moradores, contudo, estavam divididos. “Tem mesmo que tirar quem tem casa própria e ganhou terreno”, opinou Luciene Lima. O ex-prefeito Zenildo Miranda não foi encontrado e, segundo aliados, estaria consultando um advogado para avaliar o caso.
(Jornal do Commercio)
Fotos: Cláudio Gomes.

MATÉRIAS VINCULADAS