Ceclin
maio 03, 2010 13 Comentários


Pau-Brasil, gigante da natureza ameaçado por sono eterno

Em comemoração ao Dia do Pau-Brasil, celebrado nessa segunda (03), os professores Johnny Retamero, em conjunto com as professoras Andréia, Iva e Edvirgens, juntamente com Bruno e Daiane, da área administrativa e disciplinar da Escola Municipal Weigélia Galvão, em Vitória, levaram alunos da 7ª, 8ª e 1º ano, para uma Aula Campo na Fundação Nacional do Pau- Brasil localizado no município de Glória do Goitá.

Na Fundação os alunos foram recebidos pela orientadora Ana Cristina, filha mais nova de Roldão Siqueira Fontes – professor de Geografia, História Geral e do Brasil, e fundador da entidade.

Em conversa com os estudantes, Ana Cristina informou que o Instituto surgiu a partir de uma pesquisa realizada no final da década de 50 pelo seu pai, onde ele descobriu que a árvore que deu nome ao País estava em extinção e que 90% da população local não conhecia o pau brasil. Assim ele iniciou uma campanha solitária distribuindo mudas de pau brasil para combater o processo de extinção e tornar conhecida a nobre árvore que seu nome foi utilizado para batizar o Brasil.

“Além de ter originado o nome, a extração da madeira foi a primeira atividade econômica desenvolvida pelos portugueses em terras brasileiras,” disse a orientadora.
“O Pau-Brasil possui a casca pardo-acinzentada, ou pardo-rosada nas partes destacadas, e cerne (miolo) vermelho, cor de brasa. Atinge até 30 m de altura, podendo chegar até 40 metros e 1,5 m de circunferência, árvore nobre, raramente encontrada em formações secundárias e através de levantamentos científicos foi descoberto que poucos exemplares de Pau-Brasil são nascidos em natureza,” enfatizou Ana.

“O Pau-Brasil, encontrado do Rio Grande do Norte até a costa do
Rio de Janeiro, era uma árvore dominante na Mata Atlântica brasileira, hoje está praticamente extinta devido à exploração e ao desmatamento. A madeira de Pernambuco era a mais cobiçada por produzir um cortante de cor mais intensa por isso ele regulava o preço no comércio europeu”, lamentou Ana.

Ana Cristina afirmou que a árvore era muito utilizada pelos índios, e que os portugueses logo descobriram nessa espécie uma riqueza inesgotável. “O pau brasil foi muito explorado devido ao corante de cor vermelha que era extraído de sua cerne, cor usada pelos nobres e autoridades religiosas da Europa, por isso era proibido ao povo o uso de vestimentas vermelhas, pois se tratava da cor oficial da nobreza europeia. Além do pigmento vermelho intenso extraído do cerne e conhecido como brasileína, utilizado como corante e tinta de escrever, o Pau-Brasil também foi muito utilizado na construção naval e civil e em trabalhos de torno, marcenaria de luxo e produção de arcos de violino que ainda são utilizados até hoje”, lembrou Ana Cristina.

Segundo relatos, o ciclo de exploração do pau brasil foi iniciado em 1500 e foi explorado ininterruptamente até meados de 1875. Calcula-se que durante essa exploração desenfreada feita pelos portugueses, espanhóis, franceses e holandeses foram extraídas de forma predatória mais de 70,5 milhões de árvores no território brasileiro.
“Há registros não oficiais que os franceses em meados de 1500, aportaram em Alagoas, onde montaram uma estrutura localizada onde hoje é Praia do Francês dizendo ser um leprosário, afastando assim as pessoas do local deixando-os a vontade para derrubar e contrabandear a madeira brasileira que na época era monopólio da coroa portuguesa,” comentou.

Após a apresentação da instrutora Ana Cristina, os alunos fizeram um passeio pela propriedade onde viram mudas de árvores de pau-brasil vindos de várias regiões do País.

O Movimento em Defesa do Pau-Brasil foi iniciado por iniciativa isolada do professor Roldão de Siqueira Fontes que almejava plantar uma muda da árvore em cada praça e escola dos municípios brasileiros, mais tarde o projeto teve o apoio da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Presidência da República. Em 1978, através da Lei 6.607, o Pau-Brasil foi declarado oficialmente como árvore símbolo nacional e foi instituído o dia 3 de maio como o dia do pau-brasil. A espécie, que já foi considerada extinta, é um marco na história de nosso País. Dando seqüência ao seu trabalho o professor Roldão criou no dia 30 de julho de 1988 a Fundação Nacional do Pau Brasil onde até hoje recebe a visita de alunos da rede municipal e privada de ensino e da população em geral.

O “Apóstolo do Pau-Brasil” como foi chamado por muitos, faleceu em 1996 deixando o legado de mais de 60 mil árvores plantadas nas margens do Rio Tapacurá e a estimativa de mais de 2.700.000 mudas distribuídas no território nacional.
Atualmente a Fundação Nacional do Pau Brasil sobrevive de parcos recursos que alguns municípios provêem e as mudas que são vendidas a um preço simbólico de R$ 1,00 (Um Real), conseguindo apenas cobrir as despesas básicas de tal importante projeto.

A sede da propriedade onde fica o Museu do Pau Brasil precisa de imediata reforma, as placas auto-informativas que possibilitariam a alunos e visitantes transitarem pelo espaço sem precisar de guias foram deterioradas pela ação do tempo, não havendo nenhuma esperança no momento à sinalização de recursos para restaurar tão importante patrimônio histórico e cultural.

Histórico do Professor Roldão Fontes


O Professor Roldão de Siqueira Fontes, conhecido como o “Apóstolo do Pau Brasil”, era natural do Alto Pajeú, município de Flores, em Pernambuco. Dedicou cerca de 40 anos de sua vida desenvolvendo ações de produção, difusão, educação e articulação em defesa do Pau Brasil.

Apesar de se considerar apenas um simples “jardineiro da natureza”, nos deixou um legado de mais de dois milhões e setecentas mil plantas distribuídas em todo o nosso imenso País. Como uma de suas ações concretas em prol do Pau-Brasil, temos a instituição da Lei Federal Nº 6.607 de 7 de dezembro de 1978, que determina o Pau-Brasil como “Árvore Nacional”.

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Por Orlando Leite