Ceclin
dez 02, 2008 8 Comentários


Palácio interfere e Coutinho é reeleito

Publicado em 02.12.2008

Irritado com a disputa entre os socialistas, governador interfere na disputa da mesa da Casa e evita o bate-chapa. Aglaílson Júnior, que queria concorrer à primeira-secretaria. terminou com a terceira

O governador Eduardo Campos (PSB) interferiu, mais uma vez, na eleição da mesa diretora da Assembléia Legislativa, ontem, para evitar que o PSB fosse o único partido a bater chapa. O Palácio acompanhou a queda-de-braço entre João Fernando Coutinho e Aglaílson Júnior (ambos do PSB) até o último momento, à espera de um entendimento. Mas, diante da resistência de ambos, o governador interveio e João Fernando foi reeleito e vai continuar com a chave do cofre da Casa por mais dois anos. Aglaílson teve que recuar pela segunda vez consecutiva e aceitar o prêmio de consolação: a terceira-secretaria, antes destinada ao PT. O presidente, Guilherme Uchoa (PDT), e o 1º vice, Izaías Régis (PTB), também foram reeleitos. A votação foi secreta.
A saída costurada pelo Palácio, ontem, envolveu o PT e o deputado André Campos, que seria o indicado para a terceira-secretaria. O deputado abriu mão do cargo na mesa e ficou com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) – a mais importante da Assembléia. A atitude conciliadora de André ainda o cacifou a integrar, no futuro, a equipe de Eduardo. O acordo entre João Fernando e Aglaílson não foi fechado facilmente. Foram necessárias longas conversas e muito estresse.
Na manhã de ontem, irritado com o clima acirrado entre os dois, Eduardo perdeu a paciência e convocou o presidente estadual do PSB, Milton Coelho, para encontrar uma saída conciliadora. Ao lado do secretário de Articulação Parlamentar, Sileno Guedes, Milton organizou uma reunião de última hora na sede da agremiação. Na ocasião, Aglaílson foi informado que o Palácio estava ao lado de João Fernando. E, mesmo assim, não recuou. Comunicado da posição do aliado, Eduardo acionou o plano B: abrir uma vaga na mesa para “abrigá-lo”. O PT foi contactado e André Campos aceitou o remanejamento.


Às 13h, o petista chegou ao Palácio, onde já estava a cúpula do PSB. Em seu gabinete, o governador anunciou que André Campos fez o “gesto” maior. Agora, caberia aos aliados – João Fernando e Aglaílson – zerar a disputa para não prejudicar a imagem do PSB, cujo presidente nacional é Eduardo.

Isolado, Aglaílson aceitou a terceira-secretaria e a chapa da mesa diretora foi fechada. O pai do deputado, o ex-prefeito de Vitória de Santo Antão José Aglaílson, era um dos que mais incentiva o filho na busca da primeira-secretaria.
Apesar de se exaltar sempre que o Executivo não interfere no Legislativo, não foi a primeira vez que o Palácio atuou nos bastidores na negociação da mesa diretora. Na eleição anterior, João Fernando Coutinho queria ser presidente da Casa, mesmo com dois candidatos da base – Guilherme Uchoa e José Queiroz (ambos do PDT). Eduardo pediu para o socialista sair da disputa em favor de Uchoa. Na ocasião, João Fernando ficou com a primeira-secretaria.
A reeleição para a mesa foi extinta por meio de uma emenda constitucional, de Pedro Eurico (PSDB). Uma emenda de Sílvio Costa Filho (hoje à frente da Secretaria de Turismo do Estado) deu o direito aos atuais membros serem reconduzidos por mais um biênio. A nova composição assume no próximo ano, quando a Casa retornar do recesso.

Socialista vê decisão como entendimento partidário
Publicado em 02.12.2008

Preterido para a primeira-secretaria por duas vezes seguidas, o deputado Aglaílson Júnior (PSB) acompanhou toda a votação em pé, ao lado da tribuna. Após o resultado, foi o primeiro parlamentar a sair do plenário. Só esperou a aprovação da ata da eleição de ontem por causa de um pedido da Assistência Legislativa. Ele, no entanto, preferiu negar qualquer mal-estar e limitou-se a classificar a solução costurada pelo Palácio como um entendimento partidário. “Foi uma escolha do partido, onde a gente entrou numa discussão e saiu o resultado que está aí.”
Ao ser indagado, ele ainda negou estar descontente com o desfecho da eleição. “Nunca fiquei chateado. Eleição é assim. A gente ganha e perde. Quem não sabe perder, não sabe ganhar. Quem não sabe ganhar, não sabe perder”, filosofou.
Em 2006, Aglaílson disputou a primeira-secretaria com Izaías Régis (PTB). Mas, para evitar bate-chapa, o petebista foi relocado para a primeira vice-presidência, no espaço que cabe ao partido. Aglaílson teve que se contentar com a vice-liderança do governo na Casa e ver João Fernando ficar como cargo.
Na prática, Aglaílson não exerceu a liderança em plenário, como defender o Palácio ou aprovar as matérias do Executivo. Mas a consolação lhe rendeu a gratificação de 50% sobre a verba de gabinete, hoje fixada em R$ 47,3 mil por mês.

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