Ceclin
nov 28, 2009 0 Comentário


Número de instituições de ensino superior cai

BRASÍLIA – O crescimento do ensino superior, impulsionado pela criação de instituições particulares a partir da metade dos anos 1990, dá sinais de saturação. Dados do Censo da Educação Superior de 2008, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o número de universidades, faculdades e centros universitários caiu e que o ritmo de crescimento das matrículas na graduação presencial foi o menor dos últimos tempos. Para completar, há 1,4 milhão de vagas ociosas.
Entre 2007 e 2008 houve redução de 29 instituições de ensino superior no País – a primeira queda em dez anos. Um dos principais motivos é a própria consolidação do setor, com falências, fusões e incorporações. Grandes conglomerados, como a Universidade Paulista (Unip), seguem em crescimento e pequenas instituições são vendidas.

Há também o impacto da redução de instituições federais: 13 a menos no período. O Inep, órgão de pesquisas do MEC, atribui a queda à criação dos Institutos Federais de Educação, feita a partir da fusão de Centros Federais de Educação. “Depois do crescimento, atingiu-se um patamar que fica a cada dia mais difícil superar”, disse Reynaldo Fernandes, presidente do Inep. Para ele, o passo seguinte é criar mecanismos para garantir que alunos carentes cheguem à graduação.

A dificuldade, na avaliação de Oscar Hipólito, da Lobo & Associados Consultoria, será financiar o acesso ao ensino superior para essa população. “Apenas 12% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior. A demanda por novas vagas só diminuiu porque ProUni e Fies não atendem às necessidades das pessoas de baixa renda”, disse.

Para o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de São Paulo, Hermes Figueiredo, há uma demanda não atendida de jovens carentes, que no modelo atual não conseguem financiar sua educação. Ryon Braga, da Hoper Consultoria, acredita que o processo de retração está só no começo e que muitas falências ainda virão. “As faculdades menores estão sumindo do mapa.”

NOTA BAIXA

Universidades com conceito menor nas avaliações federais tiveram aumento de 11% no número de matrículas, aponta o Censo da Educação Superior 2008. As 588 instituições reprovadas concentram 16% dos universitários do País (foram de 737 mil matrículas em 2007 para 817 mil ano passado).
O crescimento das escolas ruins é maior que o do ensino superior como um todo, que registrou aumento de 4% no total de alunos. Para educadores, os dados mostram que os estudantes ainda não veem a qualidade dos cursos como critério principal de escolha da faculdade.
João Ferreira de Oliveira, professor da Universidade Federal de Goiás, afirma que as instituições mal avaliadas crescem mais porque suas mensalidades são mais baixas. Já as melhores crescem menos porque precisam manter a qualidade, por isso não podem reduzir muito seus custos.
Edson Nunes, vice-reitor da Universidade Cândido Mendes e membro do Conselho Nacional de Educação, explica também que muitos alunos procuram escolas mal avaliadas porque, para eles, a simples obtenção do diploma já significa aumento salarial.

A secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci, diz não concordar com o fechamento dos cursos ruins. Para ela, o correto é supervisioná-los e aplicar punições, como o corte de vagas. Com menos alunos, na lógica do MEC, seria mais fácil melhorar os cursos.
(Jornal do Commercio)

MATÉRIAS VINCULADAS:

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