Não há previsão de alta para homem de Vitória que tem 280 quilos

José Antônio tem 280 quilos e sofre com obstrução nas artérias das pernas — Fotos: Marli de Amorim/Reprodução/WhatsApp
José Antônio, de 51 anos, mora em Vitória de Santo Antão. Depois de passar por unidade na cidade, foi para o Getúlio Vargas e está no HC, no Recife.
Por Apilly Ribeiro, TV Globo
O servente José Antônio Amorim, de 51 anos, internado no Hospital das Clínicas (HC), no Recife, com 280 quilos, vai precisar de um tratamento demorado e realizado por uma equipe multiprofissional. Segundo o médico Álvaro Ferraz, que está acompanhando o caso de superobesidade, não há previsão de alta para o paciente.
“Será um tratamento muito longo. Em um a dois meses, teremos noção de o que pode acontecer e como ele vai responder”, afirmou o médico. Amorim deu entrada no HC, referência no atendimento para pessoas com muito peso, na quinta-feira (24/09). Além da superobesidade, ele tem outros problemas de saúde, que se acumularam ao longo dos anos e por causa da falta de tratamento adequado, segundo o médico.
Até chegar ao HC, Amorim tentou atendimento em outras duas unidades de saúde; Uma fica em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, onde mora com a família. Outra tentativa foi feita no Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste da capital. Mas nenhum dos dois centros tiveram como recebê-lo.
O servente chegou ao hospital com obstrução de artéria nas duas pernas. Para o médico Álvaro Ferraz, esse é apenas o problema mais gritante. “Ele tem um processo infeccioso. Ele tem comorbidades e isso vem se arrastando há muito tempo”, relata.
Sobre a possibilidade de uma cirurgia imediata, Ferraz disse que, a princípio, essa possibilidade não está sendo analisada. “Ele tem que ser preparado e melhor avaliado. Um procedimento deve ser realizado, mas não agora”, declarou. Para o médico, o importante é que o paciente e a acompanhante estão conscientes da necessidade de fazer todo o acompanhamento necessário. “Eles estão empenhados e sabem que é preciso tomar todas as medidas”, comentou.
O HC tem uma equipe multiprofissional para tratar de superobesidade desde 1997. Em 2015, a unidade atendeu Carlos Antônio, morador da Paraíba, que tinha mais de 400 quilos. “Não é todo hospital que está preparado para esses casos. Temos camas reforçadas e equipamentos de quarto adequados. Em mais de 20 anos, cada vez mais, lidamos com esse tipo de paciente”, disse Ferraz.
É justamente essa equipe que recebeu os agradecimentos de Amorim. Por meio de um vídeo enviado para a TV Globo, o servente disse que vem sendo bem tratado. “Eu precisava mesmo de um hospital”, afirmou Amorim, que também agradeceu a equipes dos bombeiros, maqueiros e do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) que levaram ele para os três hospitais.
Irmã de Amorim, Marli disse que resolveu procurar os médicos depois que ficou impossibilitada de cuidar dele sozinha. “Não dei mais conta de fazer os curativos”, disse, também por meio de um vídeo enviado para a TV Globo.
História
Segundo a família, Amorim trabalhava com reciclagem antes de receber o diagnóstico de obstrução nas pernas. Por muito tempo, ele não conseguiu trabalho formal e, quando finalmente foi contratado para ajudar na construção de uma fábrica, só conseguiu passar três meses no emprego, devido à doença.
Por anos, ele ficou sem fonte de renda, até que, dois anos atrás, conseguiu ser contemplado pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). Esse benefício só foi concedido pelo governo federal depois que a família tirou os poucos recursos que seriam gastos no tratamento dele para a contratação de um advogado, para destravar o processo.
A família disse que ele sempre foi gordo, mas fazia caminhadas e se cuidava. Mas com a doença nas pernas, ele não pode mais sair de casa e, nessa situação, a obesidade se agravou. Maeli, a outra irmã do servente, afirmou que ele ainda tomava banho sozinho, fazia o trajeto do quarto para a sala, andava sozinho. Há uma semana, deixou de conseguir cumprir a rotina normalmente.
Sem espaço, sem conforto

Cama de José Antônio foi escorada com tijolos para suportar o peso — Fotos: Maeli Amorim/Reprodução/WhatsApp
De acordo com a família do servente, a situação do irmão dela se agravou, principalmente, devido à falta de infraestrutura para atendê-lo. Para deitar na cama, que sequer o comportava, ele precisava amarrar uma das pernas com uma faixa à parede para manter os dois membros suspensos.
A cama, inclusive, precisou ser escorada com tijolos para evitar que ele caísse no chão. Os parentes disseram que a prefeitura chegou até a ajudar, enviando pessoas para fazer curativos. No entanto, esse apoio foi encerrado há alguns anos.