Na luta pela Comissão da Verdade
Jornal do Commercio
Além das questões legais do Comitê Estadual Memória, Verdade e Justiça, os ex-militantes, ex-presos políticos e familiares dos mortos e desaparecidos presentes ao ato da semana passada tiveram momentos de emoção. Os trabalhos da tarde foram abertos com a exibição do documentário Vou contar para os meus filhos, de Tuca Siqueira, que relata experiências de 21 ex-presas políticas na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor.
Depois, vários personagens foram convidados a relatar suas experiências com perseguições, prisões e torturas durante a ditadura. O ponto alto foi o depoimento da ex-líder campesina Elisabeth Teixeira, 86 anos. Viúva do fundador das Ligas Camponesas na Paraíba, João Pedro Teixeira – assassinado em 1962, antes mesmo do golpe – ela narrou as dificuldades que enfrentou ao assumir o lugar do marido.
“Fiquei só, com 11 filhos. Mas como prometi a João Pedro, assumi as ligas”, contou Elisabeth, que ficou oito meses presa, seguidos de 20 anos de clandestinidade, longe dos filhos. Nesse tempo, dois filhos foram mortos pela repressão e a filha mais velha cometeu suicídio. “João Pedro dizia que a reforma agrária sairia. No ano que vem se completam 50 anos da sua morte, e essa reforma não saiu. A luta tem que continuar”, disse, sob aplausos.