Leitor do Blog também dá o seu “pitaco” no processo eleitoral em Vitória de Santo Antão

Fotos: Divulgação.
por Paulo Cardoso
Há alguns dias, vi no famoso Blog A Voz da Vitória a assertiva “Política em Vitória é carnaval fora de época”. Desconsiderando o caráter anarquista (favor contextualizar essa palavra ao que pretende o texto em questão) do povo brasileiro, historicamente descompromissado com temas que realmente merecem atenção, o que se pode notar em Vitória não se resume ao “oba oba”, é, lamentavelmente, uma forma comum do brasileiro em geral pensar política, construindo mitos quase sacros e tornando-os referência não só política, mas moral.
E é aí onde reside o maior perigo, ou seja, transformar homens que precisam (ou precisariam) apenas de certo conteúdo técnico, em referências de moral e dignidade. Dessa forma, hoje, é comum ouvir que “todos roubam, mas pelo menos esse faz”, justificando a cega alienação por trás de uma cor e um jingle que repete sem parar um número que também não faz sentido. E assim estamos nós, num contínuo redirecionamento das qualidades morais necessárias a um bom convívio em sociedade.
Assim, parece que foi esquecido que não é moral desviar verba, não é moral receber propina, não é moral atacar pessoalmente candidatos da oposição e suas respectivas famílias, não é moral usar a bandeira do concorrente como papel higiênico no palanque, não é moral divulgar índices e probabilidades que não são verdade e, por fim, não é moral mostrar ao povo ser alguém que nunca existiu.
Ao esquecer esses valores, não podemos nos impressionar com pequenos atos de corrupção cotidiana advindos do descaso que o povo tem para com o sentimento de retidão cidadã, gerando assim um círculo vicioso que reflete a deturpação dos valores, sejam nas filas dos bancos ou nos trocos mal recebidos. Por sua vez, uma influência social a maior, por parte dos que estão no poder, não pode se converter em um preço social a menor.
Entrementes, ao considerar os pressupostos estabelecidos, não podemos, infelizmente, cobrar do povo algo diferente da postura profetizada por George Orwell em 1984, ao aduzir que o passado seria facilmente manipulado e o povo não teria boa memória. E assim, ao que se parece, a grande maioria da população continuará seguindo os jingles em ritmo de carnaval em uma marcha cega fomentada pelo partidarismo exacerbado o que é, aliás, a melhor forma, comprovada historicamente (Salve Roma!), de mantê-la sobre o domínio de uns poucos imorais.
por Paulo Cardoso, leitor do Blog.