Ele é proprietário de postos de combustíveis e alterava o produto
JAMILLE COELHO da editoria de Economia

QUANDO foi preso, Leonardo saía de motel num carro roubado, segundo a polícia
O empresário do ramo de combustível Leonardo Miranda de Melo, 38, foi preso na manhã de ontem, por volta das 10h20, em cumprimento de um mandado de prisão expedido pela Justiça, referente a adulteração de combustível. Leonardo é acusado de sonegação fiscal e, na ocasião, foi flagrado ao sair de um motel em Afogados, com um Honda Civic 2007 que teria sido roubado na Paraíba, segundo informou o titular da Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária (Deccot), Francisco Rodrigues.
“Quando soubemos que ele estava no motel seguimos pra lá e recebemos a informação de que o carro era roubado. E anunciamos o flagrante”, detalhou o titular da especializada. Segundo Rodrigues, Miranda passou um período preso e depois de ser liberado começou a abrir postos e a comprar combustível clandestinamente, sem passar pela distribuidora e, com isso, ficou sem pagar impostos.
Mesmo respondendo a três processos judiciais o empresário, que estava preso desde julho do ano passado, no presídio Professor Aníbal Bruno, foi solto indevidamente em 3 de dezembro 2009. Para o delegado, a irregularidade da soltura não tem a ver com a Justiça e, sim, com o sistema penitenciário.
“Com uma longa ficha na polícia, ele responde processo por estelionato, sonegação de impostos e adulteração de combustível. Sendo que os dois primeiros foram revogados e, com isso, ele respondia pelo crime em liberdade. Mas, já que havia um terceiro processo, cuja modalidade era adicionar mais de 25% de álcool à gasolina, no Posto PetroPE 45, em Vitória de Santo Antão, ele não deveria ter sido liberado. O fato está sendo apurado por sindicância do sistema penitenciário”, enfatizou Rodrigues.
De acordo com diretor do Aníbal Bruno, o coronel Geraldo Severiano, Miranda foi solto conforme as normas da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres). “Ele foi solto porque a administração do presídio fez o levantamento de sua ficha criminal e nada constava nos sistemas de identificação da Infoseg, Capturas e no Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB). E nenhum processo contra o empresário havia sido encontrado”, declarou o coronel. Segundo a assessoria de imprensa da Seres, o juiz Onório Gomes do Rêgo Filho foi o responsável por assinar o alvará de soltura.
O acusado alega não saber que o veículo era roubado. “Troquei recentemente meu Space Fox 2008 pelo Honda Civic e ainda paguei R$ 5 mil. O comprador ficou de arcar com o financiamento. Para mim foi uma surpresa o que aconteceu hoje (ontem) porque eu estou consciente sobre os processos que venho respondendo e não cairia na besteira de estar por aí circulando em um veículo roubado, até porque tenho dinheiro para comprar um carro. Também não entendi porque a polícia só tomou essa iniciativa hoje (ontem). Desde que fui solto, em dezembro, estava circulando normalmente pela cidade, frequentando grandes eventos. Ontem (segunda-feira), fui jantar em um restaurante conhecido e nada aconteceu”, disse.
O acusado reforçou que desde 2005, quando denunciou esquema de cartel, sua vida se transformou. “Estou sendo perseguido e as fiscalizações em meus postos acontecem com maior frequencia do que nos demais. Já teve um período que em 30 dias a fiscalização bateu 18 vezes. Isso comprova a perseguição”, contou.
(Folha de Pernambuco).