Eleitores imediatistas, por Adriano Oliveira

Quando Dilma era bem avaliada, os eleitores a aplaudiam pelo controle do preço e da gasolina. Embora tal controle comprometesse a Petrobrás. Foto: Reprodução
por Adriano Oliveira
Eleitores são fortemente imediatistas quando escolhem presidentes e os avaliam. Tal premissa é polêmica. Porém, incentivo a reflexão sobre ela. Pesquisas mostram que a Presidente Dilma é reprovada, majoritariamente, pelos eleitores. As causas da reprovação estão no âmbito da subjetividade e da objetividade.
No âmbito subjetivo, os eleitores estão decepcionados com Dilma, para muitos, é considerada a “madrasta” que não cuida bem dos filhos. Ao contrário do Lula. Este é o pai que um dia cuidou muito bem dos seus filhos.
No âmbito objetivo, os indicadores econômicos explicam a reprovação de Dilma. Alta inflação e desemprego que motivam o declínio da renda.
Quando Dilma era bem avaliada, os eleitores a aplaudiam pelo controle do preço e da gasolina. Embora tal controle comprometesse a Petrobrás. Quando Dilma ofertou redução tributária às indústrias, diversos empresários a aplaudiram. Mesmo que a redução não tenha dada a contribuição devida para a geração de empregos. Além de ter limitado a arrecadação do Tesouro. O Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que a presidente realizou pedaladas fiscais em 2014. Segundo a defesa da presidente, as pedaladas foram necessárias, pois existiram em razão de um louvável objetivo, qual seja: manutenção das meritórias políticas sociais. Em 2014, a presidente foi reeleita, embora tenha quase perdido a eleição. Mas o medo das classes C e D de perderem as conquistas econômicas da era Lula motivaram o novo sucesso eleitoral de Dilma.
O ex-presidente Lula, mentor de Dilma Rousseff, conduziu o Brasil por 08 anos. Nesse período, apesar da popularidade, esqueceu, propositadamente, de fazer as reformas estruturais hoje solicitadas. Lula priorizou a oferta de crédito, a ampliação das políticas sociais. Prioridades meritórias. Porém, governou em conjunturas econômicas e políticas favoráveis, que possibilitaram o estrondoso aumento de sua popularidade. Não realizou as reformas mas era aplaudido entusiasticamente por eleitores e governadores.
O comportamento dos eleitores nas Eras Lula e Dilma mostra que, majoritariamente, eleitores são imediatistas e egoístas. Aprovam presidentes e os escolhem considerando apenas seu bem-estar momentâneo. Esquecem de refletir sobre o futuro. Não cobram reformas, mesmo que viessem a produzir a longevidade das conquistas sociais e econômicas.
por Adriano Oliveira, é Doutor em Ciência Política, em artigo especial para o Blog