Brasil já consome crack importado
A produção excessiva de cocaína na Bolívia é responsável pela mudança. E a preocupação das autoridades brasileiras vai além: a pedra de crack boliviana ter uma maior concentração de cocaína do que a que está sendo consumida no Brasil.
A informação muda a maneira como a Polícia Federal enxerga o consumo da droga no Brasil. Até então, a polícia acreditava que o crack estava sendo fabricado apenas em território nacional.
As últimas apreensões, porém, mostraram que em cidades do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que fazem fronteira com Paraguai e Bolívia, já havia a circulação da pedra da morte. O destino era o Sudeste do País e até alguns Estados no Nordeste. Somente em um dia, a PF tirou de circulação em Foz do Iguaçu (PR) 10 quilos de crack.
Há uma outra tese para essa “importação” repentina. A de que a política brasileira de repressão ao contrabando de produtos químicos para a Bolívia causou danos ao tráfico, que teria começado a mandar a cocaína para outros países em pasta ou em forma de crack. A Polícia Federal avalia que a entrada das pedras bolivianas e paraguaias ainda não é expressiva. “Os números desse tipo de tráfico ainda são incipientes”, resumiu o coordenador-geral de repressão a entorpecentes da PF, Oslain Santana.
A maioria das pedras de crack apreendidas pela Polícia Federal foi encontrada na fronteira com o Paraguai, mas de origem boliviana. O uso da folha de coca, que tem substâncias energéticas, é uma tradição na Bolívia e no Peru, principalmente entre a população mais pobre ou das regiões andinas.
Em 1961 a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou a planta como entorpecente, mas ela continua sendo usada para fins medicinais. O presidente boliviano, Evo Morales, é um dos maiores defensores da liberação da folha, mas sustenta ser contrário à produção ilegal, que é desviada para o narcotráfico.
Do Correiobraziliense.com.br