Bicentenário da Convenção de Beberibe é celebrado em Vitória de Santo Antão
Por Lissandro Nascimento
Para marcar o Bicentenário da Junta Governativa de Goiana e da Convenção de Beberibe inúmeras iniciativas vêm sendo tomadas desde o ano passado em Pernambuco, ilustrando a importância do Estado como protagonista inicial do movimento libertário nacional. Essa passagem histórica foi celebrada com uma solenidade ocorrida no Teatro Silogeu José Aragão, do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão (IHGVSA), durante a manhã desse domingo (20.02).
O evento abriu a retomada das atividades presenciais do Museu local diante desse período pandêmico em que ainda vivemos, em uma parceria com o Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico de Goiana, na Mata Norte, contando com a representação de vários Institutos Históricos de Pernambuco. Para destacar o Bicentenário da Convenção de Beberibe – movimento vitorioso de independência do Brasil muito antes do 7 de setembro de 1822 – , eternizou-se os nomes de três vitorienses que participaram ativamente desse acontecimento, sendo afixado o painel de azulejo na parede frontal do Teatro Silogeu, pelo qual em breve, serão confeccionados mais três painéis para se integrarem aos monumentos da cidade.
O Painel eterniza os nomes do Capitão José Joaquim de Santa Anna Lima, Padre José Camello de Sá Cavalcanti, e Ignácio da Silva Coutinho, vitorienses/antonenses que também assinaram a Ata da Convenção de Beberibe.
A solenidade foi presidida pelo Professor Pedro Férrer e sua abertura foi feita pelo Prefeito da Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto (MDB). A Orquestra do Centro Musical da Vitória (CEMUVI) abrilhantou a solenidade regida pelo Maestro Ismael Barbosa e coordenada pelo vitoriense Marcos Júlio. O presidente do Instituto de Goiana, Harlan Gadêlha Filho, explicou os principais fatos dessa passagem histórica. Ele destacou o papel exercido pelo goianense Francisco de Paula Gomes dos Santos eleito como presidente dessa Junta Governativa Provisória de Pernambuco. Para ele, Francisco de Paula merece o total reconhecimento histórico, diante da relevância externada pelo papel desempenhado por Gervásio Pires neste movimento nativista. Gadelha, na oportunidade, foi condecorado com diploma e a medalha dos 70 anos do Instituto Histórico, sendo prestigiado também com a presença do deputado estadual Henrique Filho (PP).
O prefeito de Vitória, Paulo Roberto, ressaltou a iniciativa de reviver um recorte importante da história pernambucana. “O Estado se tornou autônomo devido a essas tratativas da Convenção de Beberibe. Assim como foi na Batalha das Tabocas, quando nossas tropas expulsaram as tropas holandesas, o acontecimento de Beberibe foi a pedra fundamental não só para a nossa libertação do domínio de Portugal, mas da independência de todo o povo brasileiro”, destacou.
Para o secretário estadual de Cultura, Gilberto Freire Neto, que também foi condecorado neste evento com a Medalha do Instituto Histórico da Vitória, a Convenção de Beberibe precisa ser referenciada na historicidade nacional. Ele lamentou que a “imprensa de massas” não cite a contribuição de Pernambuco pela busca da Independência do País. “O fato é que foi em Tabocas que teve o primeiro sangramento das tropas invasoras holandesas. Pernambuco antecipou a independência do Brasil”, cravou o gestor.
HISTÓRIA
A Junta Governativa de Goiana e da Convenção de Beberibe se deu em 1821, na então Vila de Goiana, quando parte das elites rurais pernambucanas e antigos participantes da Revolução Pernambucana de 1817, de Nazaré da Mata, Tracunhaém, Paudalho, Limoeiro e Igarassu elegeram uma Junta Governativa Provisória de Pernambuco, cujo presidente eleito foi o goianense advogado e vereador Francisco de Paula Gomes dos Santos. O propósito deste Governo de Goiana foi o de consolidar, em Pernambuco, as políticas das Cortes Constitucionais portuguesas, e combater o representante da Monarquia absolutista, em Pernambuco, o general governador Luiz do Rêgo Barreto, feroz e combatente da Revolução Pernambucana de 1817.
O Movimento Revolucionário Liberal de 1821 se une à Vitória de Santo Antão, sob a liderança dos ex-presos políticos de 1817, Felippe Menna Callado da Fonsêca e Manoel Clemente Cavalcanti de Albuquerque, chegando num lugar chamado Soledade, em Goiana, seus líderes criaram na Câmara de Vereadores a Junta Governativa, abrindo o processo da Independência do Brasil e dando os primeiros passos para a construção do Estado Nacional. O conflito armado seria inevitável, pois durante este período, a Junta de Goiana coexistiu com o Conselho Governativo do Recife, então presidido pelo General Rêgo Barreto. Assim, tínhamos duas gestões: uma de resistência e a outra de imposição.
Adiante, na busca pela solução, nasce a Convenção de Beberibe. A assinatura da Convenção de Beberibe resultou num documento que dava autonomia a Pernambuco, formalizada na eleição de nova Junta e na imediata partida de Luiz do Rêgo para Portugal. Chegava ao fim o período de dominação portuguesa em Pernambuco. Em 26 de outubro foi eleita a Junta Provisória Constitucional de Pernambuco, cujo presidente foi Gervásio Pires Ferreira, administrando a província de 26 de outubro de 1821 a setembro de 1822.