Desorganização estimula alta abstenção na eleição do Conselho Tutelar de Vitória. Apuração acontece nesta segunda-feira
Primeira experiência de eleição unificada no Brasil, a escolha dos Conselheiros Tutelares se deu neste Domingo (04), quando todos os municípios brasileiros foram às urnas eleger os novos titulares que terão a atribuição nos próximos quatro anos a partir de janeiro de 2016, em defender o Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA), e operar no enfrentamento à negligência, à violência física e psicológica, à exploração sexual e a qualquer forma de violação de crianças e jovens.
Em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, o processo eleitoral foi instalado no Colégio Municipal 03 de Agosto, onde 28 urnas, distribuídas em 14 seções estiveram disponíveis por ordem alfabética dos nomes dos eleitores vitorienses aptos a votar. Contudo, o processo preliminar de conferição dos dados eleitorais causou danos ao pleito, na medida em que milhares de pessoas formavam gigantescas filas na quadra do Colégio e centenas de milhares delas ao longo do dia, desistiram de votar, registrando a mais alta abstenção da eleição do Conselho Tutelar em Vitória.
Ao que se percebe, tal desorganização permitiu a execução de uma estratégia eleitoral para beneficiar poucos candidatos, no universo dos 40 que disputaram, sobretudo aqueles candidatos que compraram votos defronte ao Colégio 03 de Agosto. Há suspeitas, ainda, de que a quantidade de cédulas eleitorais confeccionadas não atenderia a alta demanda de votantes registrada neste pleito. Na parte da manhã, o grande público já dava sinais de que poderia ultrapassar a quantidade de cédulas confeccionadas. Ora, se 5.756 eleitores votaram em Vitória na última eleição do Conselho com 20 candidatos em 2011, seria lógico numericamente prever que com 40 candidatos este universo de votantes fortemente dobraria.
Outro fato que soou no mínimo estranho foi a alteração de última hora do processo de apuração dos resultados. O COMDICA, órgão responsável pela eleição dos Conselheiros, divulgou nota a imprensa avisando que a apuração só se daria nesta segunda-feira (05), no Teatro Silogeu. Segundo a Promotoria do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), órgão também encarregado de acompanhar o processo, alegou que não havia efetivo policial necessário para assegurar a ordem, ainda no domingo, na apuração dos votos. Este Blog também apurou que a Prefeitura da Vitória não deu o suporte financeiro necessário para a eleição, apesar de toda a equipe da Secretaria de Assistência Social ter sido escalada para a parte operacional.
Diante da mudança, após o encerramento das votações, as urnas foram lacradas e encaminhadas à sede do MPPE local, sob proteção da comissão eleitoral e da Polícia Militar, onde as urnas foram transportadas numa caminhonete D20. A apuração se inicia a partir das 08h de hoje.
Durante todo o domingo, foram registradas muitas reclamações de populares e ocorrências de desordem tanto na parte externa quanto na parte interna do educandário. Um rapaz chegou a ser detido pelos PMs, após ter se manifestado publicamente criticando, aos berros, a falta de respeito para com as pessoas que enfrentaram quase duas horas nas filas. Não havia sequer atendimento diferenciado para idosos e pessoas com necessidades especiais. “Meu protesto se deu em razão da negligência na condução do processo eleitoral”, justificou o Professor de educação popular, Danilo Amorim, que chegou a ser ouvido na Delegacia e depois liberado.
Ficou claro que o MPPE interviu na organização do pleito de modo primário, para não chamar de amador, bem como houve completo descaso das autoridades públicas da Vitória de Santo Antão, as quais não deram a atenção e o cumprimento de suas atribuições, para a escolha dos que vão coordenar o valoroso Conselho Tutelar. Parte do procedimento operacional foi equivocado e os órgãos precisam dar satisfações ao povo da Vitória de Santo Antão quanto as ilicitudes de tanta desorganização e desrespeito aos eleitores vitorienses. No mínimo a sociedade vitoriense merece uma Nota Pública de Desculpas por parte do Ministério Público local, COMDICA, do TRE, da Prefeitura, do 21º BPM e do Poder Judiciário.
Não precisa ir muito longe para provar a arbitrariedade de alguns promotores vitorienses, precisamente no Carnaval de 2014, quanto tivemos um dos piores carnavais da cidade, devido a posição unilateral tomada pelo órgão, pelo qual na oportunidade, a Prefeitura de Vitória jogou à toalha e deixou com quem não entende e nem deveria tomar conta de um evento grandioso e tradicional, que é o Carnaval de Vitória. O pleito do Conselho Tutelar em 2015 se soma a mais uma intervenção equivocada do MPPE, o qual precisa rever seu papel, sobretudo às grandes questões que envolvem a problemática de nossa cidade.
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