Aglailson Júnior vai acionar Justiça para impedir desmonte da máquina pública em Vitória
Durante anúncio de sua equipe de transição de governo, o prefeito eleito de Vitória denuncia sucateamento e desmonte da máquina pública.
por Lissandro Nascimento
O eleitor vitoriense já se acostumou a ouvir a mesma denúncia ao final de cada eleição: prefeituras são vítimas de desmonte por parte dos prefeitos que deixam o Poder. Este ano a situação não é diferente. Deixando o Poder, no próximo dia 1º de janeiro de 2017, o atual prefeito da Vitória de Santo Antão, Elias Lira (PSD), já enfrenta denúncias de desmonte da máquina pública. As denúncias partiram do deputado estadual Aglailson Júnior, prefeito eleito pelo PSB, durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (20/10), no Teatro Silogeu, na Matriz de Vitória (Saiba mais AQUI). Júnior foi eleito por uma diferença de 916 votos perante seu adversário que foi apoiado por Lira. As primeiras denúncias sinalizam uma devassa na coisa pública. “Eles querem inviabilizar a máquina administrativa para o nosso futuro governo. Os promotores devem trabalhar com o Tribunal de Contas para evitar este crime”, espera Aglailson, acompanhado pelo seu vice, Saulo Albuquerque (SD).
De acordo com o prefeito eleito, o descaso toma conta da administração em Vitória. “As escolas estão quase que totalmente desmontadas. Todos os servidores contratados logo após as eleições foram demitidos. A Prefeitura de Vitória informou que os funcionários da Educação tiveram o contrato encerrado no final de setembro”, exemplificou Aglailson Junior.
Em Vitória, a situação da máquina pública é preocupante. Salários atrasados, obras paralisadas, corte de transporte e merenda escolar, fechamento de postos de Saúde, invasão de áreas verdes e até sumiço de móveis e eletrônicos indicam o avanço do desmonte da prefeitura. O prefeito eleito teme pelo futuro da administração a partir de janeiro próximo. “Tenho tudo filmado antes e depois das eleições. Vou denunciar oficialmente ao Ministério Público, Tribunal de Contas e órgãos federais, para que tomem as providências necessárias”, assegurou.
Durante coletiva, representantes da imprensa vitoriense fizeram inúmeras perguntas ao prefeito eleito. Sendo genérico na maioria das respostas, Aglaílson Júnior procurou não detalhar nenhuma intervenção governamental específica a partir de janeiro de 2017, apenas sintetizando: “Vou me esforçar para cumprir o nosso programa de governo”. Repetitivo, o deputado externou mantras utilizadas durante sua campanha eleitoral, acusando seu adversário e outros aliados de Elias Lira de se apropriarem indevidamente de terrenos públicos, que segundo ele, grande parte dos lotes foi entregue; além de mencionar suposto preconceito que “os amarelos” carimbavam em chamar “os vermelhos” de baderneiros. “Esta desordem administrativa vem sendo feita pela ‘Família 55’ que se diz ordeira e honesta”, vaticinou. Aglailson sinalizou durante a entrevista que deve utilizar também, como fez Elias quando assumiu a gestão depois de seu pai (ex-prefeito José Aglailson), o discurso de que terá que cuidar de “uma herança maldita”, reforçando uma postura de que os ânimos do processo eleitoral continuam acesos.
Diante do desmonte administrativo, Aglailson Júnior assegurou que os seus advogados irão acionar os órgãos fiscalizadores, bem como vai determinar uma auditoria assim que assumir o governo. Uma de suas ações quando tomar posse como prefeito, é promover exposições dos possíveis desmandos do atual governo em praças públicas. Ele se mostrou preocupado com o inchaço da folha de servidores. “O atual prefeito descumpre o teto da folha de pessoal fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, e não achando pouco nomeia dezenas de concursados com o intuito de fazer mal ao nosso futuro governo. Vamos acionar o Tribunal de Contas para inibir estas contratações e nomeações imediatamente. Vou governar cumprindo o que manda a Lei, ou seja, com o teto de 54%”, anunciou nesta coletiva, lembrando-se da gestão austera que praticou enquanto esteve à frente da presidência da Câmara Municipal.
Quanto ao perfil de gestão que adotará, Aglailson Júnior se comprometeu em dialogar com todos os segmentos da sociedade civil organizada e que vai estimular a participação popular. Sobre sua relação com a nova Câmara de Vereadores, o prefeito eleito avisou que manterá o diálogo e uma postura transparente com os 19 vereadores, tendo em vista que a sua coligação elegeu apenas quatro candidatos, o que poderá trazer complicações à governabilidade.
Ainda durante a sua primeira entrevista oficial pós-eleição, Aglailson além de anunciar doze nomes para compor a sua equipe de transição de governo, adiantou o nome de quem deve assumir a Agência Municipal de Trânsito (AGTRAN). Trata-se de Elmir Nogueira, ex-diretor da 12ª Ciretran Vitória. Aglailson afirmou que não vai tolerar a aplicação de ‘multas viciadas’, além de que não permitirá a Zona Azul em alguns pontos que compreendem os bairros do Livramento, Matriz e a Rua Demócrito Cavalcanti, onde se situa o prédio da Prefeitura de Vitória.
Aglailson Júnior assegurou promover uma cidade limpa e organizada, além de mandar fazer obras duradouras. “Vou fazer obras de holandês! (dura séculos)”, criticando as obras de calçamentos feitas por Lira, consideradas por Júnior como “obras eleitoreiras”. Disposto imprimir uma marca de governo popular, o prefeito eleito salientou: “Vou trabalhar pesado, não medirei esforços de dia e de noite para governar, sobretudo para os pobres. Acredite!”.
LEIA TAMBÉM: Prefeito eleito anuncia comissão de transição de governo em Vitória