Ceclin
out 20, 2008 4 Comentários


“Brasil será sacrificado”

Publicado em 19.10.2008

O presidente em exercício, José Alencar, disse na última sexta-feira que o desenvolvimento econômico do País será ainda mais sacrificado com o desenrolar da crise financeira internacional. Para ele, o Brasil tem condições excepcionais de atravessar a turbulência com danos menores.
“O Brasil está muito bem e tem condições excepcionais de atravessar isso tudo, mas vai se sacrificar um pouco também, como já está se sacrificando, para que possa haver uma travessia com menos danos, menos problemas, e isso todos estamos engajados trabalhando para isso”, afirmou, após receber o título de patrono do Senai, no Rio de Janeiro.
Alencar defendeu que haja um questionamento sério a respeito do sistema financeiro internacional. De acordo com o presidente em exercício, o mundo não pode ficar à mercê de aventuras praticadas pelo sistema bancário-financeiro.
“Isso acaba repercutindo em desastre para todos os países, como está acontecendo hoje, com essas besteiras que foram feitas nos Estados Unidos”, observou.
Ele voltou a criticar a taxa de juros praticada no Brasil, destacando que foram gastos R$ 1,2 bilhão nos últimos oito anos com juros na rolagem da dívida pública.
“É preciso baixar os juros, eles estão errados. Essa excelência da economia brasileira é apesar dos juros, não é graças a eles não.”
Presente ao evento, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou que o impacto da crise sobre a indústria ainda é pequeno, mas revelou certo temor em relação ao quadro futuro, caso não haja solução de problemas de obtenção de crédito.
Ele reconheceu que o governo vem fazendo esforços para garantir linhas de financiamento, mas criticou a falta de reformas estruturais nos últimos anos.
“É preciso retomar a agenda de reformas, temos que fazer o dever de casa. O Brasil abandonou isso por um quadro absolutamente favorável nos últimos anos.
Na visão de Armando Monteiro Neto, a crise é episódica e não há razão para que o empresário brasileiro não acredite que o País vai superá-la, diante de fundamentos sólidos da economia. Ele lembrou que setores dependentes do crédito, como a indústria automobilística, poderão ser mais afetados pela crise.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que a prioridade do governo federal no enfrentamento da crise financeira internacional é a manter o crescimento das taxas de emprego no País. Para isso, destacou a ministra, será preciso garantir a concessão de crédito às empresas. Dilma assegurou que “o governo não quebra” diante dos efeitos da turbulência global.
CIV aguarda mais clareza para elevar operações
A Companhia Industrial de Vidros (CIV), empresa do Grupo Cornélio Brennand que produz utensílios domésticos (copos, jarras, potes) e embalagens de vidro, tinha 10% da sua produção destinada a exportação há dois anos. Hoje, o comércio internacional representa apenas 5% da produção da empresa. “Neste momento de volatilidade do câmbio, não vamos fazer nenhum esforço para aumentar a exportação, justamente, por ser um momento de incertezas. A crise é ampla e aguda, estamos observando o comportamento do mercado”, explicou o presidente da companhia Paulo Drummond.
(Jornal do Commercio).